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domingo, 22 de março de 2015

Deixa, vai

Devo estar fora de mim, só pode. Que minhas amigas não me escutem, mas eu quero ele mesmo assim. Quero me atravessar, me olhar do alto, me testar. Ele sabe fazer isso, muito bem. Porque com ele, eu nunca soube, e se tem coisa que gosto é de não saber. Eu quero ele mesmo não querendo querer. Eu quero o sossego, a insegurança. Eu quero a saudade, o medo, a vontade. Será que eu gosto de sofrer? Não é possível, eu, euzinha aqui, sempre tão decidida e segura comigo mesma! Não, sofrer não.. Acho que gosto é de sentir.

Eu sinto, sinto muito. Exalo intensidade e preciso sempre de algo que me mova. Que me mova aqui dentro. Gosto do que me tira do sério, se é que existe alguma seriedade em mim. Gosto de ousar, experimentar, me atrever. Cair, levantar, cair de novo. Gosto de gostar.. ah, como eu adoro gostar! Mas gosto logo, gosto rápido, gosto mudando o gostar. Entende? Não, pois é. 

A verdade é que aprender é muito bom, e a gente aprende assim, sentindo. Aprendizado a gente não engole e manda pra dentro, a gente sente, experimenta, depois abusa. 

Quer saber? Se joga menina, se permita, se sinta! Que se danem as regras da sociedade. Quem disse que a sociedade quer saber de você? Ta afim? Elimina todo o resto. Deixa seu coração vibrar, nem que seja por alguns segundos. Deixa, vai.
     
Ai amigas, me desculpem, tá? O máximo que vai acontecer, é eu aprender mais um pouquinho. Mas prometo continuar dando conselhos sensatos, que eu nunca soube seguir.


quarta-feira, 18 de março de 2015

A Parede

Uma hora a gente acorda, de olhos abertos dessa vez. Abrir os olhos quando estão fechados a muito tempo pode ser doloroso. Um dia desses, abri os meus. A muito tempo esqueci das cores, das flores. Era tudo sentimento, cruel e dominante. Sim, eu que sempre acreditei no amor próprio acima de tudo, me descobri vendada por mãos que a mim nunca pertenceram. 

Quando abri os olhos, foi clarão, nocaute. A venda se foi e, por mais que eu buscasse a escuridão fácil que me escondia calorosamente, estava tudo ali, na minha frente - a luz. Em movimento, me vi atordoada e completamente inútil. Doeu na alma, e no coração. 

O que fazer quando isso acontece e você descobre que a vida seguiu esse tempo todo mas você ficou ali, estagnada em uma solidão a dois? Culpa dele? Não, o meu medo me causou isso tudo. O medo de enxergar de novo, uma vida sem sua presença. O medo de não gostar do que meus olhos podiam ver. O medo da dor, me impossibilitou esse tempo todo de me afastar dos dedos que me impediam de seguir em frente. Culpa não existe, mas sim a falta dela.

Quando re-descobri o rubor das faces, pude observar o que me restringia. Não era seu cheiro, seus olhos de cor indefinida, ou seu sorriso meio torto. Ali, na minha frente, uma parede. Demorei tanto pra chegar ali que, desistir era improvável. Então por ali fiquei, tentando atravessar uma porta sem fechadura. Inutilmente. Mais assustador ainda é descobrir que, não adiantava mais insistir. Dali, eu jamais passaria. 

Isso é o amor, ou quase ele. Por muito tempo me deixei levar por um sentimento que guiava os meus pés sem a minha consciência. Me levava a caminhos que eu desconhecia e pior, não me encontrava em nenhum deles. Eu que sempre me achei capaz de tudo, fui obstruída sem nenhum poder de escolha ou alternativa. 

Não adianta tentar entrar em lugares que não cabem o nosso coração, independente de qual tamanho ele seja. Não adianta tentar amar o que não pode ou sabe ser amado. Se a parede existe, meu amigo, nem ouse tentar pular o muro. Então, se retire. Eu me retirei. Dei ré, cai, levantei e saí andando mesmo que cheia de curativos. As vezes é importante saber recuar, para que possamos enxergar tudo com mais clareza, e nos fortalecer para continuar seguindo em frente. 

Muito triste quem não é capaz de deixar o amor entrar, e esqueceu aquele cimento duro e imaculado por ali mesmo. Aquela muralha que, mesmo protegendo de todo o mal que também pode adentrar, nos impede de sentir o calor dos raios de sol. Sigo de coração aberto. Aqui não, aqui o amor vai ser sempre bem recebido, obrigada. Sente-se, sinta-se em casa. Aceita um café?

Bom mesmo é ser bem vindo. Posso até entrar sem ser convidada, mas que minha presença seja mais que apenas notada.