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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Até a próxima página

Me permitindo comparar a vida com um texto, ou um livro, eu poderia dizer que a essência é basicamente a mesma: você abre o livro, e o inicio da sua história é a segunda parte mais importante de toda a obra. Você sente o primeiro cheiro, repara, repara bastante. Mas esse inicio, essa aceitação, é a parte que te modela para enfrentar tudo que vem pela frente, que te traz a vontade de continuar lendo. Passando essa fase de reconhecimento e compreensão inicial, você basicamente se interessa e segue em frente. Dai em diante é mera curiosidade. Curiosidade pela próxima página que está por vir, pelo próximo parágrafo. Se soubessemos do final da história, ou se alguém te contasse, certamente perderia toda a graça.
      
Ai você continua lendo, em certos momentos a vontade é de largar o livro porque fica cansativo demais - chato e tedioso. Mas você continua, e encontra novos parágrafos que realmente te entusiasmam, excitam. E é isso que te faz seguir em frente. Tem também aqueles momentos em que a história fica tão boa, que você simplesmente não consegue parar de ler, vicia. Ai vem os personagens, tem sempre aqueles que agradam mais, e os que você simplesmente torce para que se dêem mal no fim da história. Sem hipocrisia, por favor.
      
Depois de tudo, o fim ha história vai chegando. Você ja esta um pouco cansado de tanto ler e ler, se decepcionar algumas vezes, querer matar a autora, mas ao mesmo tempo tem aquela empolgação, ou aquela serenidade, de que o fim esta chegando e finalmente, depois de tanta história, o final vai ser revelado e você vai se libertar de tudo aquilo. Particularmente, sinto muito medo. Medo de o final do livro ser tão ruim que me faça sentir que tudo que li ate aquele ponto fosse em vão, inútil.
      
Mas ai, você finalmente chega ao final do livro, e essa certamente é a parte mais importante de toda história. Porque é a parte do julgamento pessoal, se foi bom, se compensaram todas as noites sem dormir só lendo, todas as revoltas e contentamentos. É a parte em que tudo que ja foi lido é finalmente revelado, com um sorriso, uma lágrima ou apenas um desapontamento final. É a parte em que tudo que você ja leu passa como um filme em sua cabeça, para assimilar tudo e se preparar, porque aquele livro certamente acabou pra você, simplesmente não teria graça ler tudo de novo.  Mas é ai, principalmente, que você fecha os olhos e pensa: com certeza valeu a pena.



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Eu, quem?

Eu nunca me senti muito eu mesma, se é que isso é possível. É como se eu fosse um pouquinho de cada coisa, de cada pessoa, de cada lugar. Eu me procuro em tudo que faço, e geralmente não me encontro. Costumo não me conformar com certas coisas que fiz, e as vezes me conformo demais. Escrevo, apago, escrevo a mesma coisa de novo e, quão ridículo foi isso? As vezes me sinto estranha, louca, as vezes normal demais, tediosa. 
      
Não sei exatamente dizer ou entender o que significa ser. Afinal, você é o que veste? O que fala? Como anda ou sorri? Uma mistura, ou uma mudança? Que a mudança faz parte de mim, disso estou certa. Gostar absolutamente das mesmas coisas sempre não é um peso que costumo carregar comigo. Gosto de gostar, e conhecer. Posso não gostar mais amanhã, ou daqui um ano, o que provavelmente vai acontecer. Dai acabo me perdendo, e não me acompanho.
     
Ai você me pergunta: quais os seus defeitos, qualidades, gostos ou estilo musical? Preciso pensar bem porque, provavelmente da última vez que pensei a respeito pra cá, mudei bastante. Estão ai pedacinhos do meu eu. Uma música com a qual não esqueço, um abraço, um beijo.. um filme, um livro, uma conversa de cinco minutos atras, uma perda. Não acho nada disso ruim, muito pelo contrário. A mudança é importante, ela revigora. Seria muito chato ser sempre a mesma pessoa, gostar sempre das mesmas coisas, hábitos. 
     
Não costumo tentar entender as coisas, ate porque acho que certas coisas simplesmente não foram feitas para serem entendidas. Seria muito fácil me entender ou me controlar. E como tudo que é fácil, seria bem cansativo. Resta a mim me aceitar, e aprender a lidar com as minhas mudanças e, acredite, as vezes são tão rápidas que me perco, em mim mesma. Não que não goste de quem sou, ou fui, ou tenha medo do que vou ser. Muito pelo contrário, me acho emocionante. Talvez eu não seja o que eu queria, mas seja o que sou. Talvez, e bem provavelmente, a recíproca seja verdadeira.
     
Eu me zelo, me cuido, me amo. Me condeno e muito me admiro. Sou a mais ríspida e severa julgadora de mim mesma, e as vezes sou boazinha demais. Tento me compreender de todas as formas e maneiras, mesmo isso geralmente não acontecendo. Costumo conversar comigo mesma o suficiente para acabarmos brigando, mesmo sempre fazendo as pazes em seguida. Mesmo confuso, as vezes sofrido ou intenso até demais, é, com certeza eu prefiro ser, essa metamorfose ambulante.



Imaginando Imaginar

Da imaginação é o que mais tenho medo. Dizem que imaginar é bom, eu nego, gosto de viver e colher memórias, lembranças. Imaginar vicia, estagna. Viver é real, recordar é real, imaginar é ilusão. Como tudo na vida, acredito que tenha uma medida certa para imaginação, um limite, talvez. Como não costumo me impor limites, prefiro simplesmente me auto medicar: fica proibido o uso de imaginação ate que algum auto controle seja adquirido.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Obrigada, eu te amo

Não é só o sorriso, eu diria muito mais. O olhar, o jeito que ela passa a mão pelos cabelos, os buracos nas bochechas, o som da risada... O jeito de balançar a cabeça em sinal de reprovação, uma reprovação cautelosa, por obrigação mesmo. O amor. Ah, o amor! Duvido que alguém me ame ou venha a me amar um dia tanto quanto ela o faz, divinamente. Sinceramente duvido. É um amor puro, nú. Um amor que nunca esperou por uma resposta, nem mesmo gratidão. Talvez nem mesmo eu ame ela tanto assim, mesmo quase explodindo meu coração. Não, impossível amar tanto! Mas amo, amo muito. 
      
Das vezes que cheguei tarde, dormi fora, me esqueci do seu aniversario, fiz besteira, não correspondi ao pouco que de mim esperou, errei, errei de novo... Mesmo ela tendo antes advertido. Ah, ela sempre sabe. E se não fosse para acontecer, acontecia mesmo assim. É de surpreender qualquer um. Palavras fortes, imponentes, profetizadas. Aprendi a ouvi-la da pior maneira, por obrigação mesmo, quase que por desistência. Porque ela me conhece de longe, melhor do que ja pensei me conhecer um dia. Bom, por fim aquele nobre arrependimento de ter errado e por provavelmente carregar comigo a culpa por aqueles fios brancos misturados aos dourados brilhantes. Mas para ela não importa, eu sei que não. Ela perdoa, acredita.. e como! Que mulher mais boba, já cheguei a pensar, mas que amor demais deixa qualquer um bobo, disso todos nós sabemos.
      
Os olhos, os mais intrigantes que já vi. Juntamente com as mão já calejadas, as rugas em direção ao nariz perfeitamente desenhado, vejo tanta história pra contar, tanta vida, tanta garra. Queira eu ser tão forte quanto ela um dia, que exemplo. Em meio a tantas lutas, vitórias e derrotas ela sobreviveu a vida e suas incessantes cobranças. Uma vitoriosa, minha Deusa. Com todos os seus erros e acertos, devo a ela a minha vida, o meu eu por completo. Devo os mesmo buracos nas bochechas com os quais falei anteriormente, devo o mesmo sorriso enorme e ate mesmo o tal som da risada. Aquele som! Devo a ela a minha saúde, a minha completa integridade física, mental, absoluta. Devo a minha certeza de que a solidão nunca vai me ser problema e que amor nunca vai me faltar. Devo a minha felicidade. Devo, devo tanto! Mas nada nunca me foi cobrado.  
      
E tem também aquele jeito doce, de dizer que me ama, que é pra eu tomar cuidado com isso ou aquilo, com a alegria e a dor também. E o abraço? O beijo... Com força tanta que cessaria uma guerra se preciso. Uma mulher capaz de dominar o mundo, mas ela prefere fazer e faz, muito mais do que isso. É tudo tão verdadeiro, honesto, doce. Cuidados muita vezes desnecessários, até mesmo inoportunos e irritantes, mas ai você descobre que sem eles você não seria ninguém. Um luxo, gratuito. É como se nada no mundo fosse capaz de te atingir. Um escudo, ou uma arma. Como humana, como anjo, como mulher, ela tem toda a minha admiração, como ninguém jamais teve. De tudo que ela poderia ter feito, desfeito, que realmente fez ou deixou de fazer, no fim tudo me parece tão certo, tão essencial. Minha melhor amiga, meu porto seguro, minha confidente. 
      
Perdida em meio a tantas palavras e sentimentos que abusam do silêncio com o qual agora se encontra o meu coração, vejo que tudo que tenho a lhe oferecer, por fim, é um simples e medíocre, porém fortemente verdadeiro: obrigada! E que um dia eu possa ser para alguém metade do que você é para mim, já me seria suficiente. Que esse alguém saiba que sou, que sempre fui e ainda vou ser, por sua causa. E que essa pessoa possa dizer com o mesmo orgulho e prazer com que o faço: Ela é minha mãe!

      Que seja eterna, e não somente enquanto dure.